sexta-feira, julho 04, 2025

Mediunidade e Evangelho - Final




 
O Inicio desta publicação pode ser lida em: Espiritismo e Evangelho: Mediunidade e Evangelho

O Apocalipse e a Mediunidade
O Apocalipse pode ser considerado um capítulo à parte quando analisamos a relação entre mediunidade e evangelho. Ele é um livro profundamente simbólico e profético, que, à luz da Doutrina Espírita, pode ser interpretado como um grande relato mediúnico.
O Apocalipse de João é repleto de visões, revelações e comunicações espirituais. Segundo a perspectiva espírita, João Evangelista teria recebido essas mensagens por meio de sua mediunidade, sendo um médium clarividente e inspirado.
João como médium – No início do Apocalipse, João relata que estava em espírito quando recebeu as revelações (Apocalipse 1:10). Esse estado é semelhante ao transe mediúnico descrito na literatura espírita.
Comunicação com espíritos elevados – Ao longo do livro, João recebe instruções de seres espirituais, como anjos e o próprio Espírito de Jesus. No Espiritismo, essa comunicação ocorre quando há sintonia vibratória entre o médium e os espíritos superiores.
Profecias e simbolismo – O Apocalipse traz imagens e metáforas que podem ser interpretadas como mensagens espirituais codificadas. No Espiritismo, os espíritos comunicam-se muitas vezes por meio de símbolos para transmitir ensinamentos profundos.
O Apocalipse como Continuação do Evangelho
Embora seja um livro distinto, o Apocalipse pode ser visto como uma continuação espiritual dos evangelhos, pois reforça a ideia da transformação moral da humanidade e da necessidade de evolução espiritual.
Pentecostes e a Mediunidade
Outro evento significativo na relação entre mediunidade e Evangelho é o Pentecostes, descrito nos Atos dos Apóstolos. Esse episódio marca a descida do Espírito Santo sobre os discípulos de Jesus, permitindo-lhes falar em diferentes línguas e transmitir ensinamentos espirituais com clareza e autoridade.
À luz da Doutrina Espírita, o Pentecostes pode ser interpretado como um fenômeno mediúnico coletivo, no qual os apóstolos, em estado de elevação espiritual, receberam inspiração e orientação dos espíritos superiores. Esse evento demonstra que a mediunidade, quando utilizada para fins elevados, pode ser um instrumento poderoso para a propagação da verdade e do amor.
Assim como no Apocalipse, o Pentecostes reforça a ideia de que a comunicação espiritual é uma realidade e que os espíritos superiores atuam constantemente para guiar a humanidade em sua jornada evolutiva.
Pentecostes e a Profecia de Joel
No livro de Joel 2:28-29, há uma promessa divina:
"E há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, e os vossos jovens terão visões."
Essa profecia se concretiza no Pentecostes, descrito em Atos dos Apóstolos, quando os discípulos de Jesus recebem o Espírito Santo e começam a falar em diversas línguas, transmitindo ensinamentos espirituais com clareza e autoridade. Esse evento pode ser interpretado como um fenômeno mediúnico coletivo, onde os apóstolos, em estado de elevação espiritual, recebem inspiração e orientação dos espíritos superiores.
O Advento do Espírito de Verdade e o Espiritismo
No século XIX, com o surgimento do Espiritismo, temos um novo momento de derramação espiritual, agora sob a orientação do Espírito de Verdade, mencionado por Jesus em João 14:16-17 como o Consolador prometido. Esse espírito, junto a uma falange de espíritos superiores, trouxe ensinamentos por meio da mediunidade, permitindo que Allan Kardec codificasse a Doutrina Espírita.
Assim como no Pentecostes, onde os discípulos receberam inspiração para divulgar o evangelho, no advento do Espiritismo houve uma nova revelação espiritual, esclarecendo temas como a vida após a morte, a reencarnação e a comunicação entre os planos.
A Conexão Entre Esses Eventos
Joel profetiza um derramamento espiritual, que se concretiza no Pentecostes e, posteriormente, no Espiritismo.
Pentecostes marca a expansão do evangelho, com os discípulos recebendo inspiração para ensinar.
O Espírito de Verdade inaugura uma nova era de conhecimento espiritual, trazendo esclarecimentos sobre a vida e a evolução da alma.
Podemos dizer que o Espiritismo representa uma continuação do Pentecostes, pois amplia o entendimento sobre a comunicação espiritual e a missão dos espíritos superiores na orientação da humanidade.
Podemos interpretar a profecia da vinda do Espírito Santo ou Espírito de Verdade como um processo contínuo, que se inicia no Pentecostes e se estende até o advento do Espiritismo, ampliando sua autoridade e alcance.
No Pentecostes, os apóstolos foram inspirados e fortalecidos espiritualmente para divulgar o evangelho, marcando o início de uma nova era de revelações. No século XIX, a chegada do Espírito de Verdade, conforme anunciado por Jesus em João 14:16-17, trouxe uma nova forma de comunicação com o plano espiritual, permitindo que os ensinamentos cristãos fossem compreendidos com mais profundidade à luz da reencarnação, da evolução espiritual e da mediunidade.
Assim, essa revelação contínua tem como objetivo preparar nossos corações para a verdadeira vivência do evangelho, estimulando o despertar da consciência e a transformação moral. Jesus não volta fisicamente, mas sim espiritualmente, em cada ser que se conecta com seus ensinamentos e busca sua reforma íntima.
Essa visão amplia a compreensão da profecia, mostrando que a presença do Cristo Interno se fortalece na medida em que absorvemos os princípios do amor e da verdade.
O papel dos bons espíritos – O evangelho nos orienta a buscar sempre a sintonia com espíritos elevados, evitando influências inferiores que podem desviar o médium de sua missão.
O papel dos bons espíritos na mediunidade é fundamental para garantir que as comunicações espirituais sejam instrutivas, elevadas e moralmente edificantes.
A Influência dos Bons Espíritos
Os bons espíritos atuam como mentores e guias espirituais, auxiliando os médiuns e os encarnados na busca pelo progresso moral. Segundo Allan Kardec, eles se comunicam para esclarecer, consolar e orientar, sempre respeitando o livre-arbítrio dos indivíduos.
Como Identificar a Influência dos Bons Espíritos
O Evangelho Segundo o Espiritismo nos ensina que os bons espíritos possuem características claras:
  • Mensagens elevadas e coerentes – Suas comunicações são sempre voltadas para o bem, trazendo ensinamentos que promovem a evolução espiritual.
  • Ausência de interesses materiais – Eles não incentivam práticas egoístas, vaidade ou busca por vantagens pessoais.
  • Serenidade e paz – A presença dos bons espíritos transmite tranquilidade e harmonia, nunca causando medo ou perturbação.
A Sintonia com os Bons Espíritos
Para manter a sintonia com os espíritos superiores, o médium deve:
  • Praticar o bem – A caridade e o amor ao próximo fortalecem a conexão com espíritos elevados.
  • Evitar sentimentos negativos – Orgulho, egoísmo e vaidade podem atrair espíritos inferiores.
  • Estudar e se aprimorar – O conhecimento espírita ajuda a discernir entre comunicações legítimas e mistificações.
  • Orar e manter bons pensamentos – A prece é um poderoso instrumento de elevação espiritual.
O Perigo das Influências Inferiores
Assim como existem bons espíritos, há aqueles que ainda permanecem em estágios inferiores de evolução. Esses espíritos, por ainda carregarem sentimentos de orgulho, egoísmo ou apego às questões materiais, podem tentar influenciar médiuns e encarnados com mensagens enganosas, manipuladoras ou perturbadoras.
Como Ocorre a Influência dos Espíritos Inferiores?
A influência dos espíritos inferiores pode se manifestar de diversas formas:
Sugestões mentais – Espíritos menos evoluídos podem induzir pensamentos negativos, desmotivação ou sentimentos\ de revolta.
Obsessão espiritual – Quando há sintonia entre o espírito obsessor e o encarnado, pode ocorrer um processo obsessivo, no qual o espírito influencia de maneira constante e prejudicial.
Mistificação mediúnica – Espíritos inferiores podem se passar por entidades elevadas, transmitindo mensagens falsas ou distorcidas para enganar médiuns e grupos espíritas.
Como Evitar Essas Influências?
Para se proteger das influências inferiores, é essencial:
Manter bons pensamentos e sentimentos – Espíritos inferiores se aproximam por afinidade vibratória. Cultivar o bem, a humildade e a caridade afastam essas presenças.
Estudar e aprimorar-se – O conhecimento espírita permite discernir entre comunicações legítimas e mistificações.
Orar e fortalecer a fé – A prece é um poderoso instrumento de proteção espiritual, criando uma barreira contra influências negativas.
Participar de reuniões mediúnicas sérias – O ambiente mediúnico deve ser pautado pela disciplina e pelo compromisso com o bem.
A Responsabilidade do Médium
O médium tem um papel fundamental na filtragem das comunicações espirituais. A vigilância constante e o compromisso com a verdade são essenciais para garantir que sua mediunidade seja utilizada para fins elevados e não seja manipulada por espíritos inferiores.
Educação mediúnica – A mediunidade exige estudo e aprimoramento constante. O evangelho reforça a importância do autoconhecimento e da reforma íntima para que o médium seja um canal puro para as mensagens espirituais.
A educação mediúnica é essencial para que a mediunidade seja exercida de forma equilibrada, ética e produtiva. No Espiritismo, entende-se que a mediunidade não é um dom sobrenatural, mas uma faculdade natural do ser humano, que precisa ser desenvolvida com responsabilidade e conhecimento.
A Importância do Estudo e do Aprimoramento
O Evangelho Segundo o Espiritismo enfatiza que a mediunidade deve ser acompanhada de autoconhecimento e reforma íntima, pois o médium é um instrumento para a comunicação espiritual. Quanto mais elevado moralmente for o médium, mais afinado estará com os bons espíritos.
Aspectos Fundamentais da Educação Mediúnica
  • Estudo Doutrinário – O conhecimento das obras de Allan Kardec, como O Livro dos Espíritos e O Livro dos Médiuns, é fundamental para compreender os mecanismos da mediunidade e evitar mistificações.
  • Disciplina e Equilíbrio – A mediunidade exige disciplina emocional e mental, pois o médium precisa manter sua sintonia elevada para receber comunicações legítimas.
  • Prática com Responsabilidade – O exercício mediúnico deve ser realizado em ambientes adequados, como centros espíritas, onde há orientação e suporte para o médium.
  • Reforma Íntima – O médium deve buscar constantemente sua melhoria moral, pois suas vibrações influenciam a qualidade das comunicações espirituais
Mediunidade Curadora
Existe uma forma de mediunidade voltada para a cura espiritual, que exige ainda mais disciplina e comprometimento.
A mediunidade curadora é uma das formas mais elevadas de mediunidade, pois envolve a transmissão de fluidos espirituais para promover o equilíbrio e a recuperação física, emocional e espiritual dos necessitados. Segundo Allan Kardec, essa faculdade exige disciplina, comprometimento moral e sintonia com espíritos elevados, pois a energia transmitida depende da pureza do médium e da assistência dos bons espíritos.
Como Funciona a Mediunidade Curadora?
A mediunidade curadora pode ocorrer de diferentes formas:
  • Imposição de mãos – O médium canaliza fluidos espirituais para o paciente, promovendo alívio e reequilíbrio energético.
  • Passes espirituais – Técnica utilizada em centros espíritas, onde médiuns aplicam passes para harmonizar o campo energético da pessoa.
  • Magnetismo espiritual – O médium age como intermediário entre os espíritos curadores e o paciente, facilitando a transmissão de energias benéficas.
A Influência dos Espíritos na Cura
Os espíritos superiores atuam diretamente na mediunidade curadora, auxiliando na transmissão dos fluidos e na restauração da saúde. No entanto, a eficácia da cura depende da fé, merecimento e receptividade do paciente.
Exemplos na História Espírita
Jesus Cristo – Suas curas espirituais representam o ápice da mediunidade curadora, como no caso da mulher que, ao tocar suas vestes, foi curada pela força de sua fé (Marcos 5:25-34).
Chico Xavier – Por meio da psicografia e da aplicação de passes, auxiliou inúmeras pessoas a encontrar alívio para dores físicas e espirituais, tornando-se um dos maiores expoentes da mediunidade no Brasil.
Bezerra de Menezes – Reconhecido como o "Médico dos Pobres", utilizava sua mediunidade aliada ao conhecimento médico para oferecer assistência àqueles que necessitavam de cura física e espiritual, sempre pautado pela caridade e pelo amor ao próximo.
José Arigó – Tornou-se famoso por sua mediunidade curadora e pela suposta influência do espírito do médico Dr. Fritz, realizando cirurgias espirituais sem anestesia e ajudando inúmeras pessoas. Seu trabalho gerou ampla repercussão e estimulou debates sobre os fenômenos da mediunidade curativa.
Eurípedes Barsanulfo – Destacou-se como um dos maiores médiuns curadores do Brasil, aplicando passes magnéticos e realizando tratamentos espirituais voltados ao alívio de enfermidades e ao equilíbrio energético dos necessitados.
  • A Responsabilidade do Médium Curador
Por ser uma faculdade delicada, o médium curador deve:
  • Manter uma vida moral elevada para garantir sintonia com espíritos benéficos.
  • Evitar o uso comercial da mediunidade, pois a prática deve ser gratuita e voltada para o bem.
  • Estudar e aprimorar-se constantemente, compreendendo os mecanismos da cura espiritual.
Conclusão
O estudo da mediunidade e sua relação com o evangelho nos revela a importância dessa faculdade como instrumento de crescimento moral, caridade e esclarecimento espiritual. A comunicação com o plano espiritual, quando guiada pelos princípios do amor e da verdade, possibilita a evolução daqueles que a praticam e dos que se beneficiam dela.
Jesus Cristo demonstrou, em sua trajetória, que a mediunidade deve ser empregada com responsabilidade e propósito elevado, sendo Ele próprio um exemplo máximo de sintonia com as leis divinas. Sua capacidade de realizar maravilhas sem derrogar a Lei é prova de seu profundo conhecimento sobre os mecanismos que regem o universo.
Allan Kardec e os espíritos da Codificação nos ensinam que a mediunidade exige educação, disciplina e aprimoramento moral, para que o médium seja um canal puro e confiável para as mensagens espirituais. A caridade, central no evangelho, deve ser o fundamento da prática mediúnica, evitando influências inferiores e favorecendo o auxílio aos necessitados, encarnados e desencarnados.
Assim, compreender a mediunidade à luz do evangelho nos permite enxergar essa faculdade como uma ferramenta de iluminação, um meio para estabelecer maior conexão com o mundo espiritual e promover o bem coletivo. Seu exercício consciente, guiado pelo conhecimento e pela ética, transforma não apenas o médium, mas também a sociedade ao seu redor.
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