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quarta-feira, dezembro 27, 2023

O Sermão Profético de Jesus - Parábola das Dez Virgens (Final)

#interna




E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta. E, depois, chegaram também as outras virgens, dizendo: Senhor, senhor, abre-nos a porta! E ele, respondendo, disse: Em verdade vos digo que vos não conheço. Vigiai, pois, porque não sabeis o Dia nem a hora em que o Filho do Homem há de vir (Mateus, 25: 10 A 13)



E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta. 

E, tendo elas ido comprá-lo… - Uma das grandes dificuldades que temos em nosso momento evolutivo atual é a falta de planejamento e previsão, ou ainda, de coerência. 

Do mesmo modo que aquelas virgens sabiam da importância do azeite para acenderem suas lâmpadas, nós, hoje, sabemos da necessidade de cultivarmos os valores do espírito, por serem estes imperecíveis, e os quais não vamos perder; e ainda, são aqueles que necessitaremos para a conquista da segurança diante da imortalidade. 

Todavia, como elas não se preveniram com o estoque de combustível suficiente, nós também temos tido problemas com a conquista das qualidades libertadoras. Jesus já nos definira: homens de pequena fé. 

Assim, deixamos tudo para última hora, só quando nos é exigido é que preocupamos em dar o que poderíamos com muito mais tranqüilidade termos doado de modo natural, só quando vem a carência é que lembramos dos dias em que tendo em abastança desperdiçamos. 

Todas as manifestações da Vida são planejadas pela administração do Todo Sábio, portanto… 

Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu: 

há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou…[1] 

Só tendo algo podemos dispor dele na hora em que necessitarmos, a própria economia do mundo nos alerta a respeito. Então, é preciso ter o azeite, não o possuindo necessário se faz sair para comprar, atitude esta que exige uma ação, porém é preciso que a tenhamos no momento oportuno, pois passando o tempo de plantio, é hora de arrancar o que se plantou, e se não houvermos feito devidamente, o que acontecerá? 

…chegou o esposo… - Todos nós atingiremos a meta da evolução que é a perfeição possível de ser conquistada. Para isso etapas terão de ser vencidas, etapas estas com princípio, meio e fim. Em todas elas haverá um ponto culminante. A chegada do esposo define o ápice daquele instante, o momento mais importante, mas, que para que tal se dê é imperioso o preparo, o amadurecimento das questões essenciais. 

Se, entretanto, quando o momento mais importante chegar estivermos cuidando de outras coisas que não do que é primordial, será imprudência, pois não poderemos efetivamente aproveitar o instante. 

O bom senso diz que o encontro com o esposo é o principal instante para a noiva, deste modo, ela para isso se prepara, para que naquele momento possa estar completamente integrada na situação. Porém, se na ocasião ela tiver saído em busca de algo, mesmo em se tratando de algo essencial, a oportunidade passará, e o encontro adiado. 

…e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas… - É a consumação do que já analisamos anteriormente. Aquelas que estavam preparadas, isto é, que souberam aproveitar o momento oportuno de realização, puderam efetivar o encontro tão aguardado. 

Em nosso dia a dia, este preparo é feito a todo instante, o tempo seguinte é conseqüência do tempo presente, é preciso saber da colheita no momento do plantio, e em matéria de Vida Essencial será pedido o que for importante para ela. Sendo que esta economia funciona de modo diverso do que estamos habituados, pois, para no Mundo da Verdade termos, é preciso dar; para vivermos, morrermos para o que é transitório; para sermos o maior, o menor nos fazermos. 

…e fechou-se a porta. – O fechar da porta define o fim daquela fase, quem se preparou pôde entrar, quem não, não teve a mesma condição. É necessário ter passado por todas as etapas. 

Na vida do espírito, as conquistas são por efetivos merecimentos, não há privilégio, só tendo se capacitado pode-se usufruir dela. 

No tempo adequado fecha-se a porta, e se não for possível entrar, só em outro momento, só em outra oportunidade haverá nova chance. 

E, depois, chegaram também as outras virgens, dizendo: Senhor, senhor, abre-nos a porta! 

E, depois… - O advérbio depois significa posteriormente, em seguida. Aqui expressa uma oportunidade perdida. Tudo tem o seu momento, se deixarmos passar da hora há sempre uma perda, perda esta que pode ser difícil de reparar. 

O momento presente é sempre a circunstancia adequada, a nós pertence, no sentido de que nele temos toda liberdade de atuar; deixar para depois pode ser atitude perigosa, não sabemos como iremos estar, em quais situações nos encontraremos. Quando há perda de oportunidade é provável que as dificuldades sejam aumentadas, deste modo, é preciso atuar com tranqüilidade, com segurança, e com dinamismo hoje, só assim teremos a certeza de termos feito o melhor. 

… chegaram também as outras virgens… - Chegar também significa que outros já chegaram, e na frente. Em matéria de atingir uma meta evolutiva, teoricamente não há problema, pois evoluir não é apostar corrida, onde só há um vencedor; a atitude de chegar já é positiva, não sendo, deste modo, necessário ser o primeiro. 

Ocorre porém que, se outros já chegaram e em nossa frente, se as circunstâncias foram as mesmas para todos, é sinal de que nos descuidamos, e um descuido trás sempre conseqüências, e neste caso, não são as mesmas positivas. 

Assim, temos que todos iremos chegar, se atrasarmos algumas vezes, as portas podem ser fechadas, e um fechar de portas pode ser visto como um abrir novas circunstâncias, nem sempre favoráveis. No Reino do Senhor não é contado tempo, para Deus, o passado e o futuro são o presente[2], entretanto, se perdemos há perda é nossa, a Vida não contabiliza para ela os prejuízos, estes ficam para cada um de nós de acordo com a opção individual. 

…dizendo: Senhor, senhor, abre-nos a porta! - Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos céus[3] já nos alertara o próprio Jesus, definindo que não é a postura à posteriori que vai nos fazer alcançar o objetivo, mas sim o que fizermos no plano das causas é que irá determinar os efeitos. 

Raros são, como já dissemos, aqueles que têm a virtude de agir pensando deste modo, a grande maioria diz Senhor, senhor, numa atitude de lamentação, buscando a Misericórdia, sem ter feito a sua parte. 

Abre-nos a porta é o pedido desesperado de uma nova oportunidade, só quem já passou por um momento de perda sabe que isto significa, principalmente quando o sucesso estava tão próximo, dentro da ordem natural das coisas. 

Todavia, se esta é uma situação que gera dores e lamentações, nem por isso é menos importante para a história evolutiva da criatura; já que, se devidamente compreendida, a reflexão sobre nossos erros projetam-nos num próximo instante a conquistas imperecíveis no plano das realizações superiores. 

E ele, respondendo, disse: Em verdade vos digo que vos não conheço. 

E ele, respondendo, disse: Em verdade vos digo que vos não conheço. – Esta é a resposta do Cristo interno quando temos uma atitude em dissonância com a Lei natural. Convivemos num plano de dualidade, onde o amor e o ódio, o bem e o mal, o certo e o errado, convivem juntos trazendo a seu tempo, alegrias e tristezas, saúde e doenças, paz e conflitos. 

O Eu Divino, semente do Incriado em nós, não conhece o desajuste, ou nada que não seja harmonia, toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada[4], disse-nos o Senhor; definindo que só o que é gerado pelo amor permanecerá. 

Assim, quando o noivo diz não conhecer aquelas que atrasaram para o encontro, quer com isto dizer, que só aquele que está em condições, aquele que tem em si só o que foi plantado pelo Pai, estará sintonizado com o seu Ser Superior, e assim capacitado para o Encontro Final. 

Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte,[5] diz-nos o apóstolo ensinando-nos como atingir este momento. 

…eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância[6], é Jesus convidando-nos à vivência de Sua doutrina como fator essencial de promoção espiritual. 

…faze isso e viverás.[7]  

Vigiai, pois, porque não sabeis o Dia nem a hora em que o Filho do Homem há de vir. 

Vigiai, pois… - Esta é uma expressão sempre presente no Evangelho, e já comentada por nós.[8] 

Jesus narra esta e outras parábolas neste Sermão, a fim de que todos pudessem compreendê-Lo com mais clareza. É sua excelente didática mais uma vez presente. 

Ele anteriormente disse aos discípulos o que se daria, e como se prevenir, e ao narrar a parábola, desce aos detalhes, ensina nas minúcias, faz ver aqueles que de outro modo não perceberam. 

…porque não sabeis o Dia nem a hora em que o Filho do Homem há de vir. – Também já comentado, conforme citação anterior, com a diferença de aqui, por estar detalhando, Ele diz que nem o dia nem a hora serão sabidos, quando anteriormente Ele falara só no dia. É mais uma vez Jesus mostrando a nossa ainda incapacidade de compreendermos a Vida nas minúcias. 

Ora Ele se refere ao Filho do Homem, ora ao Senhor[9], mostrando-nos que ambos são a representação da nossa consciência renovada, que quando Cristificada[10] pela vivência evangélica, definirá o momento desta volta tão aguardada. 

Texto extraído do Livro:

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[1] Eclesiastes, 3: 1 e 2 

[2] Alan Kardec em A Gênese 

[3] Mateus, 7: 21 

[4] Mateus, 15: 13 

[5] I Coríntios 15:26 

[6] João, 10: 10 

[7] Lucas, 10: 28 

[8] Ver comentário do versículo 42 do capítulo 24 de Mateus, feito anteriormente no capítulo 4 deste estudo. 

[9] Conforme Mateus, 24: 42 

[10] Aqui preferimos usar a palavra Cristificada ao invés de cristianizada, por ter sido esta última muitas vezes usada significando uma cristianização sem a presença do Cristo como modelo de conduta. 

domingo, dezembro 17, 2023

O Sermão Profético de Jesus - Parábola das Dez Virgens 2ª Parte

#Pública




                    E, tardando o esposo, tosquenejaram todas e adormeceram. 

Mas, à meia-noite, ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo! Saí-lhe ao encontro! 

Então, todas aquelas virgens se levantaram e prepararam as suas lâmpadas. 

E as loucas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas se apagam. 

Mas as prudentes responderam, dizendo: Não seja caso que nos falte a nós e a vós; ide, antes, aos que o vendem e comprai-o para vós. (Mateus, 25: 5 a 9)




E, tardando o esposo, tosquenejaram todas e adormeceram. 


E, tardando o esposo… - Sobre o esposo já falamos.[1] O encontro com ele significa aquele momento de encontro da criatura com o seu Cristo interno, aquele momento de libertação do Ser pelo conhecimento da Verdade. 

Só que o tempo em que se dará este momento só a Deus é dado conhecer, e ele – o encontro – poderá tardar, ou seja, não se dará enquanto houver em nós resquícios de uma personalidade dissociada da Suprema Lei. É imperioso, portanto, estarmos atentos, integrados por completo na plena dinâmica da Vida, que é Amor na sua mais pura expressão. 

…tosquenejaram todas e adormeceram. – Tosquenejar é o mesmo que cochilar. Esta atitude aqui não deve ser entendida como um ato de invigilância, mas como aquele envolvimento natural com os afazeres cotidianos, com o próprio cansaço ainda existente, pois o Senhor não condenou-as por isto, visto que todas cochilaram e adormeceram

Mas, à meia-noite, ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo! Saí-lhe ao encontro! 

Mas, à meia-noite… - Se dividirmos o ciclo do dia em dois, teremos dia e noite como as duas fases complementares. Se o dia é marcado pela claridade, pela oportunidade de realizações, a noite representa justamente o oposto, é a treva, o momento de maiores dificuldades. 

Era meia noite, isto é, o ponto mais central desta fase, é aquele momento em que mais profundas são as dificuldades. 

…ouviu-se um clamor… - Um clamor significa um grito, um brado. As virgens estavam adormecidas, provavelmente naquele sono bem profundo. Só um grito poderia acordá-las, e isto era preciso, pois era chegado o grande momento. 

É comum o mesmo acontecer conosco, quantas vezes não nos preparamos para determinado acontecimento, e quando chega a hora perdemos aquela oportunidade tão aguardada? Fazer uma avaliação correta das situações por que passamos é uma necessidade, e assim priorizarmos o que for mais importante. 

…Aí vem o esposo! – Interessante esta colocação neste momento, aí vem o esposo, sempre de surpresa, em um momento inesperado. 

Era de se supor que por ser o encontro justamente com seu Eu superior, um momento único, de Integração, tal se sucederia no ápice do dia, no instante de maior claridade, entretanto, o que se dá é justamente o oposto, o esposo chega no momento em que a treva se faz mais atuante. Por que assim será? 

Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também.[2]   

É neste instante, de maiores dificuldades, que se faz necessário a Luz íntima, a qualidade moral que diferencia, o trabalho incessante. Portanto, é no momento em que o aperto se dá que temos de mostrar nossas reais possibilidades, quem realmente somos; quem neste instante estiver preparado realizará sua ascese, sua efetiva integração no Seio do Criador. 

Saí-lhe… – Saí-lhe expressa justamente este necessário dinamismo. Tudo na vida é movimento, ação, trabalho; deste modo, estar integrado nela é também ser assim, útil, realizador, atuante. 

…buscai e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á.[3] 

…ao encontro! - …à comunhão, à integração. É o objetivo pleno da vida, a perfeição. Esta não virá gratuitamente, é preciso esforço, tempo, e busca incessante. 

Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo.[4] 

Assim não são mais dois, mas uma só carne.[5] 

Então, todas aquelas virgens se levantaram e prepararam as suas lâmpadas. 

Então, todas aquelas virgens se levantaram… - Todas aquelas, ou seja, as que estavam envolvidas no processo. Eram aquelas que estavam já em condições de passar pela situação, as que, de certa forma seriam aferidas. 

A evolução se faz por etapas, após o fechamento de uma, abre-se outra, oportunizando-nos o ensejo de novas conquistas. Se este é um acontecimento natural, pois é a mesma a Lei que rege tanto os pequenos como os grandes acontecimentos da vida, o momento culminante de cada fase é sempre significativo para que se atinja o objetivo que é passar para o próximo; assim, este é aquele instante em que devemos realizar os maiores esforços, e que nos será mais exigido, pois teremos de utilizar todos os recursos adquiridos na caminhada. 

Aquelas virgens se prepararam, cada uma a seu modo, para aquela hora, portanto, todas elas se levantaram, era preciso vencer a inércia do cochilo anterior, pois chegara o momento, o noivo estava próximo. 

…e prepararam as suas lâmpadas. – Aquele era um momento de escuridão, era o instante mais escuro da noite, deste modo, era preciso usar as lâmpadas, eram elas o instrumento mais importante para aquela ocasião. 

Nossa vida cotidiana é marcada por vários momentos destes em que nos é exigido uma posição, ou às vezes uma decisão rápida. Para que tenhamos êxito no empreendimento é preciso que estejamos capacitados, é aquele instante em que um insight, uma intuição resolve a questão. Entretanto, diferentemente do que parece esta luz que surge inesperadamente, não é uma concessão gratuita nem prêmio merecido, trata-se na maioria das vezes de um amadurecimento que aconteceu pouco a pouco, de uma forma quase imperceptível e que atinge o ápice manifestando-se naquele instante. 

É, portanto, uma conquista individual, como expressa o pronome usado antes da palavra lâmpadas: suas, ou seja, de cada uma. 

E as loucas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas se apagam. 

E as loucas disseram às prudentes… – O relacionamento entre as criaturas é importantíssimo para o aperfeiçoamento individual. É através dele que nos burilamos, realizamos novas amizades, e nos capacitamos para a vivência da máxima cristã do "amai-vos uns aos outros". Somos influenciados, e influenciamos do mesmo modo. 

Dizer e ouvir são assim, duas práticas constantes em nosso cotidiano; e se é dever daquele que se propõe a realizar seu progresso em bases evangélicas, vigiar com respeito ao que se diz, não menos importante é selecionar o que se ouve. 

Há loucos e prudentes em todos os ambientes e nos diversos graus evolutivos, é preciso desta feita, termos cuidado com o que nos dizem os primeiros, pois, por termos ainda em nossa intimidade muito de insensatez, corremos perigo de, por sintonia desajustarmo-nos da mesma forma. 

Avaliemos portanto o que ouvimos, e relacionemos com o que já conhecemos em matéria de espiritualidade, pois só passando tudo pelo crivo da razão, da lógica, e do bom senso, estaremos capacitados a sermos contados entre os prudentes. 

…Dai-nos do vosso azeite… - Como analisamos anteriormente, o azeite era o combustível, que sendo queimado, permitia que a lâmpada ficasse acesa. No campo íntimo da criatura é a virtude que possibilita a nossa conexão com o Criador. 

Se teoricamente, no plano exterior, podemos fornecer uns, azeite para os outros, o mesmo não podemos afirmar quanto aos valores cultivados pelo Espírito, que são individuais e intransferíveis. 

O comodismo é, nos dias atuais, até mesmo algo cultural, queremos muitas vezes nos esforçar pouco e progredir muito. Deste modo, habituamos a colocar sempre a culpa no outro, e a achar que ele pode sempre realizar por nós. Assim, nossa porção ainda leviana pede: dai-nos do vosso azeite, isto é, faças por mim, resolva meu problema, alivie-me da dor. 

…porque as nossas lâmpadas se apagam. – Se a falta do combustível faz com que a lâmpada se apague, a falta da virtude nos separa dos propósitos superiores definidos pelo Cristo no resplandeça a vossa luz.  

Ocorre porém, nos dias atuais, que mesmo havendo a energia que possibilite a luz em nossas casas, podemos ficar no escuro se não nos dispusermos a realizar a atitude simples de acender o interruptor; é o que acontece quando detentores do verbo fácil e do entendimento amplo das questões evangélicas, não atuamos coerente com o que sabemos; ou seja, temos a energia divina em nosso aparelho vocal, mas não conseguimos operacionalizá-la através das mãos dedicadas ao serviço em favor do semelhante. 

Assim, enquanto a Vida nos concede, por misericórdia, a luz do dia, não sentimos falta, todavia, quando a noite vem, por não termos cultivado nossas possibilidades de iluminá-la também nos preocupamos, pois do mesmo modo, também as nossas lâmpadas se apagam. 

Mas as prudentes responderam, dizendo: Não seja caso que nos falte a nós e a vós; ide, antes, aos que o vendem e comprai-o para vós. 

Mas as prudentes responderam, dizendo… - As prudentes, que se caracterizam por agir dentro da faixa de segurança, têm na sua resposta, material que nos permite meditar buscando valioso aprendizado. 

Como temos respondido aos chamamentos que a Vida nos tem proporcionado? Não devemos esquecer que se na ação mostramos quem somos, na reação, isto é na resposta, definimos com maior precisão ainda, em que faixa de evolução nos situamos. 

Somos prudentes todas as vezes que desativamos na resposta, os componentes geradores da discórdia e da desunião, pois a criatura realmente preocupada com seu progresso espiritual, sabe que é na atitude tomada, muito antes que na palavra proferida, que dizemos realmente a que viemos. 

Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.[1] 

…Não seja caso que nos falte a nós e a vós… - Não, ou seja, de modo algum; o azeite poderia não bastar para nós e vós outras. Esta resposta analisada rapidamente poderia sugerir uma ação egoísta, entretanto, se ponderarmos mais um pouco, vamos ver que não é bem assim. 

Mesmo no plano exterior não podemos deixar de atender ao nosso abastecimento, visando auxiliar o outro, é do próprio Evangelho que um cego não pode guiar outro, assim, não podemos desatender nossas primeiras necessidades para servirmos a quem quer que seja, pois o nosso compromisso primário é conosco mesmo; o que não quer dizer que tenhamos que ser egocêntricos, a situação é claramente outra. 

Aprofundando a compreensão, buscando o sentido espiritual da parábola, aí é que não há esta possibilidade mesmo, pois como dissemos alhures os valores espirituais são inalienáveis. 

Deste modo, se quisermos que a nossa luz não se apague, tratemos de realizar em nós as possibilidades de mantê-la acesa, ou como diz o próprio texto em estudo: ide, antes, aos que o vendem e comprai-o para vós. 

…ide, antes, aos que o vendem e comprai-o para vós. – Chegado a este ponto da análise está claro que temos que trabalhar em nós o fogo que mantém acesa a chama da evolução. Como realizar isto? Cultivando o que nos faz ser um Homem de Bem. E como? 

A palavra prudente responde: ide, antes, aos que o vendem e comprai-o para vós. 

Então há como comprar a virtude? Sim, há, porém a moeda é que é outra, não a que comercializamos habitualmente em nosso mundo. 

Se o verbo vender é usado comumente ligado aos valores pecuniários, podemos entendê-lo também, como o ato de não conceder gratuitamente. Portanto, se em termos de espiritualidade o dinheiro não é objeto de valor dominante, o esforço realizado para vencer uma imperfeição, pode muito bem ser o instrumento de valor usado para comprar o recurso que necessitamos para manter em nós a Luminosidade Imanente. 

Ide, antes, aos que o vendem… Esta expressão nos fala daqueles que exigindo de nós, ajudam-nos a conseguir tal benefício; se muitas vezes temo-los à conta de inimigos ou adversários, são em verdade grandes auxiliares em nosso processo evolucional, sendo deste modo, dignos do carinho pedido pelo Mestre para que tenhamos por eles. 

Comprai-o para vós, isto é, esforçai-vos para adquirir para vós, ou seja, conquistá-lo para a individualidade; e só sendo um, completo, nos candidataremos ao encontro integral representado pelo esposo da parábola. ,


Texto extraído do Livro O Sermão Profético

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[1] Ver análise do 1o versículo deste mesmo capítulo. 

[2] João, 5: 17 

[3] Mateus, 7: 7 

[4] Mateus, 24: 13 

[5] Mateus, 19: 6 

segunda-feira, dezembro 04, 2023

O Sermão Profético de Jesus - Parábola das Dez Virgens 1ª Parte






A Parábola das Dez Virgens 

Então, o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo. 

E cinco delas eram prudentes, e cinco, loucas. 

As loucas, tomando as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo. 

Mas as prudentes levaram azeite em suas vasilhas, com as suas lâmpadas. 

E, tardando o esposo, tosquenejaram todas e adormeceram. 

Mas, à meia-noite, ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo! Saí-lhe ao encontro! 

Então, todas aquelas virgens se levantaram e prepararam as suas lâmpadas. 

E as loucas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas se apagam. 

Mas as prudentes responderam, dizendo: Não seja caso que nos falte a nós e a vós; ide, antes, aos que o vendem e comprai-o para vós. 

E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta. 

E, depois, chegaram também as outras virgens, dizendo: Senhor, senhor, abre-nos a porta! 

E ele, respondendo, disse: Em verdade vos digo que vos não conheço. 

Vigiai, pois, porque não sabeis o Dia nem a hora em que o Filho do Homem há de vir.[1] 

Então, o Reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo. 

Então, o reino dos céus… - O Reino dos Céus é o Reino de Deus; a harmonia, o equilíbrio, a saúde perfeita que vige na intimidade daquele que já vivencia as Leis do Criador em toda plenitude; é um estado de alma superior. 

Jesus veio até nós com o objetivo maior de nos indicar o caminho para o Pai, ensinando-nos a estabelecer este Reino em nós mesmos, a partir das nossas ações embasadas na moral superior do Evangelho. 

Desde o princípio dos tempos temos tido dificuldades de compreender a realidade deste Reino, pois, apesar de termos vindo de Deus, ainda não O vivenciamos por experiência própria, tendo sido mais fácil compreender quando a nós é falado dos estados inferiores de sintonia, pois a estes estamos mais acostumados em nossa experiência milenar. 

Devido a esta incompreensão é que o Excelente Mestre várias vezes se refere ao Reino dos Céus procurando compará-lo com algo conhecido, visando assim simplificar seu entendimento, nos aproximando dele com naturalidade. Pois conforme Ele mesmo nos alertou: 

… o Reino de Deus está entre vós[2]

…será semelhante a dez virgens… - A palavra virgem no contexto da época designa moça que ainda não casou. Podemos entendê-la dentro de nosso estudo atual como sem pecado, pura. 

Ora, como já dissemos, para estar neste estado de espírito caracterizado como Reino dos Céus, é necessário que estejamos ajustados à Lei do Eterno, isto é, sem pecado; ou ainda, que nos façamos virgens.  

Entretanto, se esta é uma das necessidades, não é a única, como veremos mais adiante. 

…que, tomando as suas lâmpadas… - Lâmpada é o aparelho destinado a iluminar; não é a luz em si, mas o instrumento através do qual ela se manifesta. 

Se entendermos a Luz como a Manifestação Divina, fácil é nos entender, em um determinado momento, como sendo lâmpadas pelas quais Ele pode se manifestar. Porém, se na Parábola nos identificamos com as virgens, as lâmpadas são os instrumentos com que operamos para que o Divino se exteriorize através de nós. É importante notar a importância do pronome aqui usado: suas. Designando, a de cada um, o particular. 

 

…saíram ao encontro do esposo. – O esposo sendo aquele que teoricamente nos completa, que trás a felicidade, é aqui, aquilo que falta par nos fazer integral, uno com a Lei. Este momento do encontro com o esposo, é aquele que deixamos de atuar na dualidade para retornarmos à Unidade do Reino; é o silêncio de que nos falavam os cristão gnósticos, ou a união das polaridades; o perfeito equilíbrio entre a razão e o sentimento. 

Quando fizerdes do dois um e quando fizerdes o interior como o exterior, o exterior como o interior, o acima como o embaixo e quando fizerdes do macho e da fêmea uma só coisa, de forma que o macho não seja mais macho nem a fêmea seja mais fêmea, e quando formardes olhos em lugar de um olho, uma mão em lugar de uma mão, um pé em lugar de um pé e uma imagem em lugar de uma imagem, então, entrareis (no Reino).[3] 

E cinco delas eram prudentes, e cinco, loucas. 

E cinco delas eram prudentes, e cinco, loucas. - O número dez, que é o número de virgens constante nesta parábola, segundo a conceituação cabalística, é o número de todos os conhecimentos humanos. Significa conhecimento amplo, total, porém humano. 

Se não fosse a atuação da Misericórdia do Criador, ao utilizarmos nosso livre arbítrio, com base em nosso saber puramente humano, teríamos 50% de chance de acertar e 50% de errar, sendo provável que deste modo, não houvesse evolução, pois erraríamos e acertaríamos na mesma proporção. Entretanto, a Lei, que é Misericórdia, sempre nos impulsiona para frente; apesar das idas e vindas, o saldo é sempre positivo, pois só nos é permitido errar até determinado ponto em que não há comprometimento da evolução. 

Somos assim, seres com grande alternância entre o bem e o mal, o bonito e o feio, a prudência e a loucura. 

Esta divisão de cinco prudentes e cinco loucas, ou néscias, é a representação da possibilidade humana de erros e acertos na mesma proporção, ou a dissociação da unidade na dualidade, onde cada unidade é metade de outra unidade mais completa. 

A prudência é assim, o antípodas da loucura. O Prudente é aquele que age com moderação, buscando evitar tudo o que acredita ser fonte de erro ou dano.[4] 

Jesus já nos alertara no Sermão do Monte que esta é uma virtude característica do cidadão do Reino, e que sua vivência está diretamente ligada à prática do que Ele ensinou. 

Portanto, ser prudente é estar em comunhão com Deus através da vivência de Suas Leis, é atuar dentro das possibilidades de cada um, pois a Lei só pede que a vivencie de acordo com o que se conhece dela. 

Muitos podem questionar se só aquele que tem Jesus como guia é candidato a esta qualidade moral, se assim for, como fica aquela grande parcela da Humanidade que ainda não O reconhece como tal? 

Torna-se importante lembrar, e o próprio Jesus já nos afirmava, que a doutrina que Ele trazia não era Dele e sim do Pai que O enviara; portanto, qualquer que for o Mensageiro de Deus, no ocidente ou no oriente, tem o poder de religar o homem a seu Criador, apesar de particularmente crermos que entre todos, Jesus foi o maior, o que mais perfeitamente representou o Eterno entre nós, é o Plenipotenciário Divino.

Louco é o que age contrário à razão ou ao bom senso; é o insensato. 

Jesus diz que este é o que escuta a Palavra, porém não age de acordo com ela. 

Havia, portanto, cinco prudentes, e cinco loucas. E nós, ora somos sensatos, ora néscios. 

Senhor, tem misericórdia de meu filho, que é lunático e sofre muito; pois muitas vezes cai no fogo e, muitas vezes, na água…[5] 


As loucas, tomando as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo. 

As loucas … - As loucas representam a nossa postura de invigilância, é o momento em que verbalizamos uma coisa e fazemos outra; sabemos que o espiritual é o mais importante, todavia, priorizamos o material; a dificuldade, que temos devido à oportunidade malbaratada, entendemos como solução de muitas questões, entretanto, quando ela chega, maldizemos tudo, até mesmo a atuação do Criador. 

…tomando as suas lâmpadas… - O Verbo "tomar", no gerúndio, tomando, diz-nos da necessidade de agirmos, isto é, de nos ajustarmos ao dinamismo da Vida. 

Suas lâmpadas, como já dissemos, é a lâmpada de cada um, ou seja, o recurso que cada qual têm de manifestar em si a Luz que tem por fonte a própria Divindade. 

…não levaram azeite consigo. – A lâmpada por si mesma é neutra, ela pode ficar acesa ou apagada, depende de a acendermos ou não. O mesmo pode se dar com as nossas possibilidades individuais, podemos usá-las desenvolvendo-as, ou desprezá-las atrofiando-as. 

O azeite era o combustível que proporcionava à lâmpada ficar acesa. Esta, que era também chamada de lanterna ou archote, era uma vasilha que produzia um clarão através da queima de um líquido inflamável que no caso era o azeite

Deste modo, o azeite sugere tudo aquilo que, de uma forma ou de outra, possibilita que a nossa luz íntima brilhe acima de todas as coisas. 

Se a paciência é a lâmpada que permite iluminar aquele que nos ofende, a compreensão é o azeite que a alimenta. 

Se o recurso material bem usado clareia aquele que carece, o desprendimento é o óleo que o possibilita. 

Estas, a que este versículo se refere, eram loucas, pois não levaram azeite consigo, isto é, em si. 

Mas as prudentes levaram azeite em suas vasilhas, com as suas lâmpadas. 

Mas as prudentes… - A conjunção mas, designando uma posição antagônica ao desenvolvimento anterior, pois estas eram prudentes, agiam evitando o erro, atuavam de acordo com as suas possibilidades. 

Lembram aqueles instantes em que já conseguimos ser coerentes com a ciência que esposamos. Estes momentos já existem em nós, é preciso desenvolve-los. 

…levaram azeite em suas vasilhas… - O azeite existe para todos, a Vida nos proporciona todos os recursos de que necessitamos, cabe a nós capacitarmos a recebê-los aumentando as nossas vasilhas, isto é, trabalhando as virtudes que funcionarão como o estoque de combustível que, queimando a si próprio permite se ilumine os outros. 

…com as suas lâmpadas. – A lâmpada para funcionar tem que ter o combustível que alimente a chama. Se para a lâmpada moderna o mecanismo é outro, é também necessário que esteja ligada a uma fonte de energia. Do mesmo modo, para que brilhe a luz íntima da criatura exaltada pelo Cristo no belíssimo Sermão do Monte, necessário se faz a vinculação desta com a Energia Suprema, que outra não é que a Vontade Soberana do Criador; assim, se quisermos ser como aquelas que se fizeram prudentes, associemo-nos ao Justo Poder pela aceitação e pelo cumprimento de Seus Sábios Desígnios.


Texto extraído do livro O Sermão Profético

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[1] Mateus, 25: 1 a 13 

[2] Lucas, 17: 21 

[3] Evangelho de Tomé, Logion 22 

[4] Dicionário Aurélio 

[5] Mateus, 17: 15 

terça-feira, novembro 28, 2023

Apocalipse: A Volta de Jesus Nas Nuvens

 


 Em nosso post anterior, comentando sobre o Sermão Profético de Jesus comentamos sobre a vinda de Jesus nas nuvens (Mateus, 24: 30). 

Neste atual comentamos o mesmo evento com base no texto do Apocalipse para aprofundarmos nosso estudo.

Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim! Amém! (Apocalipse, 1: 7)

 Este versículo contém Daniel, 7: 13, Zacarias, 12: 10 e 14. Podemos dizer que de forma sintética este é o tema do Apocalipse, a segunda vinda de Jesus.

Ainda vamos comentar mais sobre esta segunda vinda, mas é preciso que se compreenda que ela não será uma vinda física do Senhor como a literalidade do Evangelho nos propõe. A volta de Jesus se dará no plano de redenção pessoal. Jesus veio e trouxe-nos os instrumentos de nossa libertação, ele voltará em nós pela utilização devida destes instrumentos. É lógico que quando isto acontecer no plano da individualidade nós vamos nos encontrar pessoalmente com ele, e será em grande estilo e glória este encontro, é o que depreendemos de vários encontros com ele que tiveram discípulos fiéis seus como vimos várias vezes na literatura espírita. A ressurreição definitiva será espiritual e nada nos faz crer que ela será coletiva num mesmo momento para todos.

Vários Espíritos já realizaram esta segunda vinda do Cristo em si, nós também a realizaremos, e todos realizarão; quando?

Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai.[1]

Interessante notar que ao responder a Simão Pedro num diálogo após sua ressurreição narrado no último capítulo do Evangelho de João, quando questionado sobre o discípulo amado que o seguia naquela ocasião, Jesus disse:

Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa? Quanto a ti, segue-me.[2]

João, que era este a quem Simão Pedro se referia é o autor do Apocalipse, ele foi o único dos apóstolos que sobreviveu até os últimos anos do primeiro século, e foi quem nos trouxe esta Revelação, que de certa forma podemos dizer, é Jesus voltando através de Sua mensagem, que é justamente essa, a da necessidade de vivenciarmos o Evangelho para assim desativarmos de nós a necessidade de sofrermos os impactos da Lei. O final deste texto nos fala sobre a Jerusalém Celestial e sobre o estabelecimento da ordem com a volta de Jesus.

Não será, de certa forma, o Apocalipse, ao invés de uma tragédia, como muitos têm visto, uma volta de Jesus? E quando João o recebeu? Após testemunhar o Evangelho por longos anos a ponto de ser exilado da ilha de Patmos por desafiar o mundo e seus valores transitórios. Patmos foi para João, como que sua crucificação, um coroamento de sua missão, pela qual Jesus pôde voltar através deste Apocalipse que ora estudamos.

Portanto, esta vinda é relativa, ela acontecerá, não temos dúvida, mas só será definitiva quando for em nossos corações renovados.

Eis que vem com as nuvens; nuvens definindo algo do Alto. Jesus se manifesta sempre num plano de ordem superior. Para muitos uma nuvem pode significar o frescor, o alívio de um sol muito quente; para outros uma chuva promissora para sua lavoura; outros, entretanto, a verão como uma tragédia, pois ela pode ser também prenunciadora de uma chuva que destrua seus bens e até mesmo suas conquistas de anos.

Todavia, a mensagem do Evangelho é esta mesmo, quem disse que ele é sempre alegria? Aliás, deveria ser, mesmo na tristeza transitória. Muitas vezes, é nas grandes perdas que nos encontramos com Deus e o realizamos em nossa vida.

Assim, amar, nem sempre é só perdoar, nem sempre é só fazer caridade. Como um juiz deve se manifestar, ou manifestar amor, diante de um réu culpado, que assassinou, por exemplo? Não é condenando-o? Amor também tem suas expressões de justiça.

Jesus virá sim com as nuvens, do Alto, mas às vezes tão rarefeito que nem o perceberemos. Estejamos atentos…

…e todo olho o verá; trata-se de um olho que tem capacidade de ver para além do físico, uma visão transcendente, uma compreensão superior.

Como é que Jesus se manifesta? Através daqueles que O vivem. Muitos podem falar de Jesus, lerem o Evangelho em voz alta, e não comunicarem a sublime mensagem da Boa Nova; não O veremos através destes. Entretanto, mesmo se desvinculado de qualquer escola religiosa alguém viver a mensagem do amor, ela é vista por todos.

…não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte.[3]

Temos um exemplo claro disto através de nosso querido Chico Xavier. Ele foi sempre a manifestação viva do Evangelho, não o estamos endeusando, ele não era perfeito, mas fez sempre mais do que podia em favor do Cristo e de sua autoiluminação. Ele recebeu pessoas diversas, das mais variadas religiões, todos que com ele estiveram, independente de crença foram claros, “há nele algo especial”. Para aqueles que foram mais atentos, a vida nunca mais foi a mesma. Ele não é unanimidade, nem poderia ser em nosso mundo, todavia, todos os respeitam, ninguém há que consiga dele falar mal se estiver em seu juízo perfeito, mesmo que discorde de suas convicções religiosas.

Todo olho o viu, viu Jesus através do Chico. Muitos mudaram sua realidade mental.

Assim será com todos quando definitivamente vivermos a essência da mensagem cristã, mesmo se através de outras escolas religiosas, pois podemos dizer o mesmo de uma Madre Tereza de Calcutá, de um Gandhi, ou de outros discípulos do Senhor.

E todo olho o verá…

…até os mesmos que o traspassaram; diz respeito aos que não compreenderam a Mensagem da Cruz.

Mas sempre chega o momento de iluminação e da compreensão, mesmo que longe no tempo.

O testemunho é a melhor maneira de convencer alguém de uma realidade. Dissemos do Chico, quantos através de sua vida operante no Bem não se convenceram da necessidade evangélica?

Entretanto, existe um tempo de amadurecimento. Só quando há uma ressonância no íntimo a criatura vê e enxerga.

No primeiro momento somos acusadores, infringimos a ordem, não compreendemos a mensagem de amor. Entretanto, a vida através de seus processos dolorosos, das perdas, seja dos valores do mundo, ou entes queridos, despertam a nossa realidade espiritual.

Lembrando novamente do Chico, quantos o acusaram, entretanto, depois da perda de uma alma amada, puderam através justamente dele encontrar a paz e a harmonia interior. Falsidade? Não, despertamento espiritual. Isto é mais do que o olho físico pode ver.

Ele acontece, na maioria das vezes, quando de nossas fraquezas em relação às coisas do mundo. Nestes momentos, até os mesmos que trespassaram Jesus vão O reconhecer como definitivo libertador de suas consciências.

…e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim! Amém! Àquele tempo o povo hebreu era divido em tribos, eram as doze tribos de Israel. Estas tribos representavam a totalidade do que eles tinham como “povo de Deus”.

O número doze tem, dentro da simbologia, este caráter de universalidade, assim, devemos abrir este entendimento e ver aqui toda humanidade. Quando no sétimo capítulo surge o número dos assinalados, os cento e quarenta e quatro mil, trata-se de mais uma equação do doze projetando assim, ao infinito este número.

Portanto, toda tribo expressa toda humanidade cristã e não cristã, pois em verdade, somos todos cristãos já que somos governados pelo Cristo, basta aceitar esta direção.

Se lamentarão; expressa um pesar por uma perda, no contexto original esta palavra expressa um bater no peito com aflição, com tristeza, pela morte de alguém. Significa aquela perda de tempo por não ter aceitado o Cristo antes, pelo tanto que deixamos de fazer.

Percebemos através da literatura mediúnica que este é um sentimento comum dos Espíritos quando desencarnam e tomam consciência da realidade da vida essencial, sempre veem que perderam tempo, por mais que fizeram é pouco diante da Verdade Universal do Bem e da necessidade de colaborar.

 

Texto extraído do livro Segredos do Apocalipse

Disponível em papel e E-book:

https://www.institutodesperance.com.br/

Amazon.com/claudiofajardo

 



[1] Mateus, 24: 36

[2] João, 21: 22

[3] Mateus, 5: 14